Parece contraditório dizer que o carioca não é gentil. Reconhecido por sua alegria e hospitalidade, o povo carioca sempre soube receber bem os visitantes. Mas falta gentileza em muitos aspectos, impedindo que o Rio seja ainda mais maravilhoso.
Morando há cinco anos fora do Rio, senti muita diferença quando voltei, mesmo que agora eu só passe alguns dias por mês na cidade. A começar pelo trânsito: o estressado carioca acha que todos os demais motoristas são inimigos: não dá passagem, bloqueia o cruzamento, um taxista parece que está fazendo um favor ao transportar o passageiro.
Falta gentileza também nos serviços, já que mencionei o taxista. Não há um “bom dia”, “obrigado” e “volte sempre”. Parece que o carioca esqueceu algumas palavrinhas mágicas. Podem reclamar, cariocas, dos serviços da cidade. Além de caríssimos, são um horror.
A violência, então, nem se fala. Jovens perdem a vida por causa de uma carteira, um celular, um trocado. Não dá para ser gentil em uma cidade que transpira medo.
O Rio de Janeiro continua lindo, como dizia o poeta, mas o povo carioca poderia se beneficiar mais da gentileza. Faria bem a todos, e eu voltaria com prazer a morar na cidade. Por enquanto, continuo observando com escassas visitas.
Elen Cuña - jornalista e carioca