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terça-feira, 4 de março de 2014
A QUINA
(Contos Antigos)
Lotário Neuberger
Um dia como qualquer outro , de movimento normal , entrou um cliente na agência. Olhou ao redor. Leu as sinalizações. Dirigiu-se , decidido , para "Abertura de Contas".
_ Quero abrir uma conta..._ foi falando.
_ Pois não! Que tipo de conta? _ perguntou o escriturário.
_ Tipo?!...Poupança... Caderneta de Poupança da Caixa Econômica Federal.
_ Tomou assento , esperando por novas indagações.
_ Trouxe os documentos? _ voltou o escriturário.
O cliente puxou do bolso uma Carteira de Identidade , meio amassada. Servir? Ah, servia.
Nunca abri conta na minha vida _ disse o cliente , que se chamava João Ribeiro da Silva e
tinha 48 anos de idade , embora aparentasse ter mais.
Praticamente preenchida a ficha de abertura da conta , o cliente desandou a falar.
_ Passei muitas vezes aqui em frente , mas nunca tive coragem para entrar e abrir uma conta. Quanto vou depositar? Pouquinho. Mil cruzeiros. É só para abrir. Mas como eu ia falando , eu não
tinha coragem para entrar porque sempre tive pouco dinheiro.
_ Não importa o valor do depósito. O importante é começar a economizar e depositar na poupança. Nunca é tarde.
_ Pois é. Mas como eu ia dizendo... De repente , tive um pressentimento de que iria acertar na Loto. A Quina... Achei que seria bom já ter uma conta na Caixa.
_ Sempre é bom !
O cliente efetuou o depósito e foi embora.
Depois que o cliente dobrou a esquina todo mundo da agência caiu na gargalhada. "Abrir conta porque acha que vai tirar a Quina". "Ponha esperança nisso !"
Passou-se uma semana. O cliente voltou à agência.
Nessa altura dos acontecimentos todos da agência já sabiam o nome dele , pelo menos. Foi direto ao escriturário que abriu a conta.
_ Como vai , seu João?
_ Bem !
_ E...
_ Ainda não acertei. Mas um dia desses...
_ Um dia.
_ Agora eu queria é depositar mais um pouco.
Assim , semanalmente , sempre às segundas-feiras , seu João Ribeiro da Silva voltava à agência. Sempre falava com o mesmo escriturário e sempre depositava certa importância , mesmo pequena. E...
_ Mas um dia desses vou acertar.
Passaram-se semanas , meses. E o cliente conquistou a simpatia de todos os empregados da agência , pela sua maneira simples de ser. Até que um dia:
_ Acertei o terno! vibrava.
E todo mundo vibrou com ele , num gesto de inteira simpatia.
_ Minha sorte esta começando!
Depositou o valor do terno na poupança e foi embora.
Voltava todas as semanas. Mas a mesma sorte não se repetiu. Uma coisa era certa: a esperança dele de acertar a Quina não cedia. Continuava apostando e continuava depositando.
Certo dia , não no habitual , mas numa sexta-feira , seu João veio à agência. Todo mundo estranhou. Mas porque estranhar? às sextas saía o resultado da Loto.
_ Acho que acertei !
_ É mesmo?!
Todo mundo ficou eufórico. Era uma alegria geral , pela sorte do cliente. Talvez mais satisfação por estarem com um milionário. O gerente da agência começou a verificar o que podia fazer pelo cliente. Ainda mais pensando em manter o depósito na agência , ou a maior parte dele.
Consultou manuais. Telefonou.
Todo mundo falava , chegando a abandonar seus postos na agência. Os outros clientes nem eram atendidos.
Eles também rodeavam o acertador. João Ribeiro da Silva apenas sorria. Passou um bom tempo quando pediu para se sentar. Começou a falar , rodeado por todos.
_ Eu acertei. Vi hoje. Foi há dois anos.
Todo mundo ficou inquieto.
_ Mas então passou o prazo ?
_ Não! _ disse o cliente , enquanto alguns já começavam a se afastar , decepcionados. _ Esperem !... Foi há dois anos. Foi quando abri a poupança. Hoje verifiquei.
_ O saldo da poupança é igual a quadra. Então? Acertei ou não acertei? Todo mundo teve que admitir que sim. Foi economizando que o cliente conseguiu uma soma razoável em dinheiro , de forma sistemática e programada.
_ Vai parar de apostar ? Foi a pergunda geral.
_ Não! Vou continuar depositando e apostando. Um dia desses ainda tiro a Quina !
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