quarta-feira, 2 de março de 2016

O FUNERAL DO VÍCIO DO CIGARRO




Ao ler artigo no jornal e aceitando a sugestão do escritor Antônio Carlos Côrtes, publíco o texto para uma ajuda na divulgação.
Baseado no livro Viver Para Contar do festejado e acatado escritor colombiano Gabriel García Márquez tenho a intenção do diálogo, como o fez o não menos competente escritor brasileiro Rubem Alves. Gabo, como Márquez era conhecido, relatou a sua conexão ao cigarro e, como e por que conseguiu parar de fumar. Eis a lição do brilhante colombiano das letras:

" Eu estava proibido de fumar por causa da pneumonia, mas fumava no banheiro, como que escondido de mim mesmo. O médico percebeu e falou sério comigo, mas não consegui obedecê-lo. Já em Sucre, enquanto tratava de ler sem pausa os livros recebidos, acendia um cigarro com a brasa do outro até não poder mais e, quanto mais tentava abandonar o cigarro, mais fumava.
Cheguei a quatro maços diários, interrompia as refeições para fumar e queimava os lençóis quando dormia com o cigarro aceso. O medo da morte me despertava a qualquer hora da noite, e só fumando mais conseguia superá-lo, até eu decidir que preferia morrer a parar de fumar. Mais de 20 anos depois, casado e com filhos, eu continuava fumando. (...) Numa noite, durante um jantar casual em Barcelona, um amigo psiquiatra explicava a outras pessoas que o tabaco talvez fosse o vício mais difícil de erradicar.E me atrevi a perguntar qual seria no fundo, a razão, e sua resposta foi de uma simplicidade assustadora: 'Porque, para você deixar de fumar, seria como matar um ente querido'. Foi uma deflagração de clarividência.
Nunca soube e nem quis saber a razão, mas esmaguei no cinzeiro o cigarro que acabava de acender e não torneia a  fumar mais nenhum, sem ansiedade e nem remorso pelo resto de minha vida".  

Guido Scalabrin.

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