quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Mensagem de fim de ano

Vivemos tempos difíceis, o COVID-19 veio para mudar pensamentos, reações e formas de agir.

A pandemia, com o isolamento social, mostrou que precisamos uns dos outros e que independente da classe social somos todos de certa maneira iguais.

Quero aqui  expressar meus sinceros agradecimentos aos meus amigos, aos meus clientes e aos clientes-amigos que, mesmo em tempos de adaptação aos desafios, chegaram ao fim de 2020 com êxito.

Muito obrigado! Que possamos ter um 2021 de muito aprendizado e de novas etapas. 

"Desafios são importantes para o crescimento de todos".

A Tamig agradece


segunda-feira, 12 de outubro de 2020

A Origem dos Algarismos

    Os números foram criados, ao longo da história, diante da necessidade do homem, pois precisavam de uma forma  de  representar  as  quantidades. As primeiras representações numéricas  apareceram em razão da necessidade de se fazer a contagem dos animais, por exemplo. Os pastores soltavam seu rebanho pela manhã e contavam esses animais através de pedrinhas que eram colocadas num saco. Para cada animal, usava-se uma pedrinha. Ao final do dia, ao buscar o rebanho, os pastores contavam de forma inversa, retirando do saco uma pedrinha para cada animal.

     Nessa época também existiam outras formas de representação numérica, como  nós em cordas ou riscos feitos em ossos e pedras, sendo que cada região utilizava uma forma diferente. O homem percebeu que precisava de uma forma única de representar essas quantidades, para facilitar o entendimento entre os diferentes povos.

     Os egípcios foram um dos primeiros povos a criar um sistema de numeração. Os romanos também inventaram uma forma de contar as coisas, ou seja, o seu sistema de numeração, conhecidos como números romanos. Podemos encontrá-los até hoje, sendo usados na escrita dos séculos, em relógios, capítulos de livros, nomes dos papas, etc. 

    Porém, os números que usamos foram  criados  pelos  indianos, no Norte da Índia, em meados do século V da era cristã. As primeiras inscrições aparecem aproximadamente da  forma  como escrevemos. Descobriram  as posições de se colocá-los para formar os números maiores. Mas foram os árabes que difundiram essa forma de contagem e por isso ficaram conhecidos  como indo-arábicos, através de um grande matemático chamado al-Khwarizmi, que deu o nome aos mesmos de “algarismos”.


domingo, 12 de julho de 2020

Um apólogo

Machado de Assis

            Era  uma  vez  uma  agulha, que disse a um novelo de linha:
            - Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
            - Deixe-me, senhora.
            - Que a deixe? Que a deixe, por quê?  Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei  sempre que  me  der  na  cabeça.
            - Que cabeça,  senhora?   A  senhora  não  é  alfinete,  é  agulha.  Agulha não tem cabeça.  Que lhe importa  isso?   Cada qual tem o jeito  que Deus lhe deu.   Importe-se  com a sua vida e deixe a dos outros.
            - Mas você é orgulhosa.
            -  Com certeza sou.
            - Mas por quê?
            - É boa! Porque alinhavo, costuro. Então os vestidos e enfeites de nossa patroa, quem  é que  os faz, senão eu?
            - Você? Esta foi boa! Você é que os costura? Você  ignora  que  quem costura sou eu, e muito  eu?
            - Você fura o pano, nada mais; eu é que costuro, prendo um pedaço ao outro, dou forma aos vestidos e babados...
            - Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...
            - Também os batedores vão adiante do imperador. 
            - Você é imperador?
            - Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel  subordinado, indo adiante. Vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e de importância reduzida. Eu é que prendo, ligo, junto...
            Estavam nesta discussão, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava na casa de uma baronesa, que tinha uma costureira só para si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou o pano, pegou a agulha, pegou a linha, enfiou a linha na agulha, e  começou a costurar. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das  sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os cães de caça de Diana. E a agulha dizia:
            - Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta nobre costureira só se importa comigo. Eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...
            A linha não respondia nada; ia andando.  Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela,  silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na sala de costura.  Não se ouvia nada além do plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Anoiteceu, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte, e continuou ainda nesse e no outro dia, até que no quarto dia acabou a obra. Estava pronto o vestido para o baile.
            Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha para dar algum ponto se necessário. E enquanto arrumava o vestido da bela dama, e puxava um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para zombar da agulha, perguntou-lhe:
            - Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira? Vamos, diga lá.
            Parece que a agulha não disse nada, mas um alfinete, de cabeça grande, murmurou à pobre agulha: 
            - Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai aproveitar a vida, ir a bailes, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faças como eu, que não abro caminho para ninguém.  Onde me espetam, fico.
            Contei esta história a um professor, que me disse, abanando a cabeça: 
            - Também tenho servido de agulha a muita linha  que não me dá valor!