quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Mensagem de Fim de Ano 2023

Ao chegarmos a mais um final de ano, constatamos que, apesar de tantas reuniões dos países, como a que se realiza em Dubai (Cop 28) neste ano, não vemos a diminuição da poluição e melhora do nível climático. O que vem acontecendo em vários países, incluindo no Brasil, como fatos ocorridos no Rio Grande do Sul e em outros estados, mostra que com a natureza não existe acordo não cumprido. Ela responde de forma destrutiva, infelizmente com muitas perdas materiais e de vidas.

Esperemos que as decisões vindas da Cop 28, enfim, sejam positivas e principalmente cumpridas para o bem do planeta e consequentemente  para a população.

Quero agradecer a todos clientes e amigos, desejando um Feliz Natal e um Ano Novo de Saúde e Paz!

Guido

Tamig Livraria e Papelaria

quinta-feira, 23 de março de 2023

Renovação de Vida

Por Tarcizio Scalabrin

“Moradores reclamam de descaso com cabos de telefonia arrebentados no Travessão” (jornal Dois Irmãos, quarta feira, 15 de fevereiro de 2023). Meus parabéns pela reportagem. Muito bom se observar, no local em que se habita, o que acontece e o que pode ser evitado ou melhorado. Elogiável que as pessoas fiquem atentas ao dia a dia e percebam os desajustes. Melhor ainda que exerçam seu direito de cidadania.

Entretanto, o Travessão já não sabe se é um bairro ou uma vila abandonada. Os únicos serviços que ainda funcionam são o recolhimento do lixo regulamentar, serviço de abastecimento de água e energia.  

Enquanto os moradores proprietários e investidores aguardam que os órgãos competentes liberem as construções e loteamentos (não sei qual a demora), o mato cresce, lixo é jogado no local, e principalmente o esgoto corre a céu aberto se juntando ao escoamento pluvial.

Prezamos e defendemos a mata virgem (preservação regulamentada), mas aproveitamos para depositar entulhos, sobras de podas e de roçadas, resíduos industriais, estes vindos até de outros municípios vizinhos e ate mesmo lixo caseiro são jogados na mata dita “reserva ecológica”. A constatação é de fácil verificação, basta caminhar pelas ruas calçadas, asfaltadas ou não, ruas ditas de “chão batido”. Todos sabem que os órgãos dispõem de um serviço especial para recolhimento programado destes resíduos, mas é mais fácil jogar “no mato”.

As consequências deste deposito de lixo a “Céu aberto”, ou melhor,  jogados na "reserva ecológica", são bastante conhecidos: proliferação de ratos, baratas, mosquitos (aedes aegypti) e outras pragas que infernizam a vida de todo mundo. Também causa muita preocupação o esgoto a céu aberto pela contaminação geral que pode afetar humanos e animais caseiros ao transitarem e eventualmente beberem água. 

Muita coisa pode ser evitada e resolvida de modo fácil e rápido. Uma vistoria, com levantamento dos problemas e execução. Tenho certeza que os órgãos públicos têm capacidade humana e equipamento adequado para a solução. Não se pode esperar que tudo se resolva com o tempo, este só acumula problemas.

Talvez, ainda não sejam os únicos problemas do bairro (vila), mas estes são fáceis de constatar para alguém que trafegue ou caminhe pela vizinhança. Outros problemas podem acontecer na saúde, segurança ou trabalho. Exercendo nossa cidadania, aos poucos vamos ter um ambiente mais saudável e agradável de viver. Ter uma melhor qualidade de vida é nosso objetivo.

Muito obrigado.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

A Voz da Terra

Retirado da revista Terapia Ilustrada, de 1954, esse texto é uma boa reflexão para os dias de hoje:


A Voz da Terra - por Aristides Ávila


Ora, saibam quantos esta crônica lerem ou dela tiverem conhecimento que, certa ocasião, num recanto de quintal, brigaram a Pimenta e a Flor de Laranjeira.

Dir-se-ia que a flora circunvizinha e também a fauna de arribação abrissem um parêntese na própria rotina para dar ouvidos ao caso, pois não deixa de ser divertido assistir de palanque a um torneio de desaforos.

Houve réplica e tréplica do estilo, com imputações incontestáveis e contestações irrespondíveis. Equilibravam-se os debates. Aliás, nunca se viu demanda em que um querelante não se julgasse com direito igual, senão melhor que o do antagonista. Móvel da rixa? Possivelmente, ciúmes, ódios e vaidades, que isso de cultivar defeitos como se fossem virtudes nem sempre é alto privilégio humano - produto de enxerto da razão no instinto. Os seres inferiores agem, às vezes, pior que os homens.

Mas a circunstância é que a Flor de Laranjeira, estando com a palavra, prosseguia nos artigos contra a Pimenta:

- Francamente, custa-me acreditar que você exista!

- Por que? Acaso não sou bastante visível?

- Demais! Com essa cor de labareda...

- E essa! Cada qual se veste da cor que mais lhe agrada... Então? Por que acha difícil acreditar na minha existência?

- Por causa da sua inutilidade.

- Inútil, eu?!

- Naturalmente! Sua presença magoa, sua ausência é um alívio.

- Mas é minha função. Todos me querem assim. E você, para que serve?... insípida, branca e fria, desse jeito?...

- Que pergunta! Vá indagar das noivas para que presto eu. Porventura, as donzelas enfeitam grinaldas com pimentas?

- Claro que não. Como também é exato que ninguém tempera guisados com flores de laranjeira...

- E é só para tempero que você presta?

- Já é algum merecimento. O que não me contentaria é ser apenas decorativa, como você... e, para maior dos pecados, uma presunção de inocência.

- Isso diz você, Pimenta, porque não passa de um símbolo de malícia.

- Como quer que seja, não costumo iludir a gente de boa fé. Sou ardentemente sincera: picante, em público e raso. E voce? Desfolha, morre... e, no seu lugar, brota uma laranja, muitas vezes, tão azeda que ninguém a tolera... nem com açúcar!

- Pouco importa! Essa indignidade é com a laranja, que é fruto, como você, e não flor, como eu. O que não padece dúvida é que tenho o coração cheio de mel. Não faltam abelhas para me beijarem...

- Pois eu prefiro que me mordam. E correspondo na mesma hora...

- À vontade... Quanto a mim, fico à espera das abelhas.

- E eu, à espera de alguém que me colha, para estimular o apetite das pessoas de bom tom.

- Sim, com esse gosto de fogo, que lembra o fundo do inferno...

- Pretenderá você insinuar, Flor de Laranjeira, que é um pedaco do céu, com esse triste cheiro de ingenuidade?

- Bem achado! Como não? Somos muito diferentes. Ponha-se no seu lugar!

- Pretensiosa! Você está enganada! Nós não temos nada que ver com o inferno nem com o céu. O que nós somos é produto da Terra, está ouvindo?

- E que estranha química faz a sua raíz, para tirar da Terra uma seiva tão brava?... da mesma Terra, de onde me vêm a graça e o perfume?

A Pimenta não entrou em explicações; saiu-se com esta:

- Ariel de fancaria!

Ao que revidou a Flor de Laranjeira:

- Calibã desmarcarado!

Assim continuaria a polêmica, sem resultado prático nem ponto final, se não acontecesse um imprevisto:

A Terra, tendo ouvido pronunciar seu nome, resolveu intervir na empatada pendência e apostrofou:

- Calem-se! Vocês não sabem o que dizem! Limite-se cada qual a ser o que é, e como é! Respeite os outros e reconheça, afinal, que as coisas não podem ser iguais. Cada uma em sua condição; um destino para cada uma. A igualdade absoulta abortaria em tédio, e o tédio é caminho do aniquilamento. Eis porque a Natureza criou a desigualdade. Porém a diversidade não é motivo para discussões. Eu sou mãe, e tenho autoridade para falar, porque sou eu quem dá a vida a vocês todos. Dou a vida e fico à espera da sua volta, pois, mais cedo ou mais tarde, todos hão de retornar ao meu seio: desde a árvore, que fornece a sombra confortadora, o fruto que alimenta e a tábua para o esquife, até o Homem, que vive às custas de vocês, como vocês vivem à minha custa! Repito: vocês acabarão voltando para mim, fundidos na unidade da matéria prima. E terão de nascer e renascer, até compreenderem esta verdade. Sirva isto de lição! E, por agora, basta! Vai anoitecer. Precisamos dormir. Não admito barulho nas minhas costas!

A advertência fez o ambiente silenciar, de fato.

E, como sucessivas cortinas que se fechassem, foram-se acumulando as trevas do crepúsculo. Tudo adormeceu ou, pelo menos, fingiu adormecer.

Em todo caso, o Grilo, como bom guarda-noturno, passou a noite inteira, de apito na boca, policiando a gleba.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Renovação de Vida

Por Tarcízio P. D. Scalabrin 

Pássaros, animais silvestres, árvores e frutas são seguidamente relacionados como “em extinção”, mesmo que se conheça e veja a todo o momento em nosso ambiente natural.

Existem até ONGs que fazem um belo trabalho de procurar, capturar e controlar certos animais e aves, para acompanhar seu desenvolvimento e procriação. A Fundação Projeto TAMAR atua no litoral brasileiro há mais de 40 anos com a missão de promover a recuperação da tartaruga marinha, através de ações de pesquisa, conservação e inclusão social. Uma iniciativa louvável e que juntou trabalho com turismo, abrindo suas portas para visitação em vários pontos do litoral.

Nosso pinheiro, “Pinheiro Brasileiro” cujo nome científico é “araucária angustifólia”, além de ser uma árvore frondosa, alta, bonita, foi muito utilizado até pouco tempo na construção de moradias e galpões de diversos usos. Prédios de diversos tamanhos e alturas eram frequentes para movimentarem moinhos, silos e outras atividades por todo o Sul do país, quando a alvenaria não era ainda industrializada.

Ela também produz uma semente chamada pinhão, que não é uma fruta, já que a araucária é uma árvore que não tem fruta, faz parte do grupo da gimnosperma. O pinhão, entretanto, é muito apreciado e consumido de várias formas na culinária e em natura cozida ou sapecada.

Entretanto, a araucária consta na legislação atual (DEC.42099 lei nº20223/2020) como em extinção. Não pode ser derrubada em hipótese alguma.

No último inverno, como em outros anos, vimos toneladas de pinhões serem comercializadas em mercados, fruteiras e tendas inclusive à beira das estradas por todo o sul do país. Toneladas não é exagero, é real. Vimos, freqüentemente, caminhões transportando cargas completas de 8 a 12 toneladas. Os mercados eram abastecidos abundantemente.  O consumo familiar muito apreciado. Ninguém está preocupado com a tal lei que proíbe o corte do pinheiro e que chegará um dia que vai acabar o pinhão.

Seria talvez a hora de se promover ou estabelecer um trabalho mais específico do cultivo, plantio e manutenção do nosso pinheiro. Não basta proibir o corte da planta, ela por si tem vida longa, mas não é perene.  Para aumentar a flora do pinheiro justifica um estímulo, como uma taxa de plantio a cada quantidade comercializada. Determinar áreas especificas para plantio, como já se faz em muitos municípios para substituir outras árvores. 

Somos peritos e exagerados em criar leis, leis sobre leis, leis inócuas, leis inúteis, leis impraticáveis, leis que poderiam ser apenas substituídas por educação infantil. Não tornemos agora uma lei prejudicial, isto é, que acabem os pinheiros e os pinhões por falta de um reflorestamento adequado.