Professor do século XXI
A
chamada "geração Y" – os nascidos na década de 1980 até meados dos
anos 1990 – é a primeira geração que não precisou aprender com lidar com
equipamentos eletrônicos e em pouco tempo de vida presenciou os maiores avanços
na tecnologia. Ao chegar ao mercado de
trabalho, esses profissionais foram considerados inovadores e empreendedores.
Mas, o que acontece quando eles escolhem
ser professores? Engana-se quem pensa que, por terem tanta familiaridade com o
uso de recursos tecnológicos, eles sejam seus entusiastas. Muito pelo contrário:
consideram a tecnologia algo natural, mas não veem sentido em usá-la em sala de
aula sem um claro propósito. Na forma de perceber o processo educacional, entretanto,
eles promovem uma revolução silenciosa: são abertos ao diálogo, buscam soluções
criativas, gostam de realizar pesquisas e inventam jogos em busca de algo muito
simples: o prazer de ensinar e a paixão pelo conhecimento.
"A escola tem mudado. Claro que
as instituições têm certa permanência – não só a escola, como também a Justiça,
a Igreja etc. Mas esse discurso de que a escola não evolui vem desde a década
de 20, do século passado, e é falso", afirma Paulo Gileno Cysneiros,
professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que – nas últimas três
décadas – tem se dedicado ao ensino e a pesquisa em tecnologias da informação e
comunicação na educação.
Para Paulo, o uso das tecnologias tem
o potencial de modificar os modos de pensar, de ensinar e de aprender, e até
mesmo de ver o mundo. Mas a verdadeira mudança que vem ocorrendo deve-se,
sobretudo, à capacidade criativa do professor. Ou seja, não é a tecnologia em si que esta trazendo
as inovações para a sala de aula, mas os jovens professores que entendem como
natural o fato de que o conhecimento está disperso, pulverizado no mundo, nas
redes sociais, na Internet. E assumem, sem problemas, o papel de guiar e
estimular os alunos a encontrarem por eles mesmos o que desejam.
Uma mudança de comportamento entre
os jovens que iniciaram suas carreiras profissionais nos últimos anos é a busca
de satisfação pessoal no trabalho. Para eles, dever e prazer devem estar
associados. Com os professores, a atitude não é diferente. Em uma pesquisa da
Fundação Instituto de Administração (FIA/USP) realizada há três anos com 200
jovens de São Paulo nascidos entre 1980 e 1993, 99% dos entrevistados disseram
que só se mantêm envolvidos em atividades de que gostam. Além disso, no
levantamento feito por Ana Costa, Miriam Korn e Carlos Honorato, 96% afirmaram
que consideram que o objetivo do trabalho é a realização pessoal. Para a
pergunta "qual pessoa gostariam de ser?", a resposta
"equilibrado entre vida
profissional e pessoal" alcançou o primeiro lugar, seguida bem de perto
por "fazer o que gosta e dá prazer".
O magistério sempre foi uma opção
que envolve boas doses de idealismo e paixão, mas cresce a tendência entre os jovens de incluir
no "gostar de ensinar" a ideia de diversão propriamente dita.
Brincadeiras, jogos, campeonatos cada vez mais entram no rol de atividades
propostas mesmo aos alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio.
Para Paulo Gileno Cysneiros, a visão
crítica do uso desses recursos na educação é positiva. "Por não terem, de
certo modo, uma história, as novas tecnologias provocam de forma geral um
efeito emocional receptivo. Em outras vezes, elas provocam medo. Por isso mesmo
e preciso olhar com cuidado. O professor
deve sempre experimentar e adaptar a máquina à sua realidade."
Revista Educação