sábado, 14 de fevereiro de 2015



Professor do século XXI

            A chamada "geração Y" – os nascidos na década de 1980 até meados dos anos 1990 – é a primeira geração que não precisou aprender com lidar com equipamentos eletrônicos e em pouco tempo de vida presenciou os maiores avanços na  tecnologia. Ao chegar ao mercado de trabalho, esses profissionais foram considerados inovadores e empreendedores. Mas, o  que acontece quando eles escolhem ser professores? Engana-se quem pensa que, por terem tanta familiaridade com o uso de recursos tecnológicos, eles sejam seus entusiastas. Muito pelo contrário: consideram a tecnologia algo natural, mas não veem sentido em usá-la em sala de aula sem um claro propósito. Na forma de perceber o processo educacional, entretanto, eles promovem uma revolução silenciosa: são abertos ao diálogo, buscam soluções criativas, gostam de realizar pesquisas e inventam jogos em busca de algo muito simples: o prazer de ensinar e a paixão pelo conhecimento.
             "A escola tem mudado. Claro que as instituições têm certa permanência – não só a escola, como também a Justiça, a Igreja etc. Mas esse discurso de que a escola não evolui vem desde a década de 20, do século passado, e é falso", afirma Paulo Gileno Cysneiros, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que – nas últimas três décadas – tem se dedicado ao ensino e a pesquisa em tecnologias da informação e comunicação na educação.
             Para Paulo, o uso das tecnologias tem o potencial de modificar os modos de pensar, de ensinar e de aprender, e até mesmo de ver o mundo. Mas a verdadeira mudança que vem ocorrendo deve-se, sobretudo, à capacidade criativa do professor.  Ou seja, não é a tecnologia em si que esta trazendo as inovações para a sala de aula, mas os jovens professores que entendem como natural o fato de que o conhecimento está disperso, pulverizado no mundo, nas redes sociais, na Internet. E assumem, sem problemas, o papel de guiar e estimular os alunos a encontrarem por eles mesmos o que desejam.  
            Uma mudança de comportamento entre os jovens que iniciaram suas carreiras profissionais nos últimos anos é a busca de satisfação pessoal no trabalho. Para eles, dever e prazer devem estar associados. Com os professores, a atitude não é diferente. Em uma pesquisa da Fundação Instituto de Administração (FIA/USP) realizada há três anos com 200 jovens de São Paulo nascidos entre 1980 e 1993, 99% dos entrevistados disseram que só se mantêm envolvidos em atividades de que gostam. Além disso, no levantamento feito por Ana Costa, Miriam Korn e Carlos Honorato, 96% afirmaram que consideram que o objetivo do trabalho é a realização pessoal. Para a pergunta "qual pessoa gostariam de ser?", a resposta "equilibrado  entre vida profissional e pessoal" alcançou o primeiro lugar, seguida bem de perto por "fazer o que gosta e dá prazer".
               O magistério sempre foi uma opção que envolve boas doses de idealismo e paixão, mas cresce a tendência entre os jovens  de incluir  no "gostar de ensinar" a ideia de diversão propriamente dita. Brincadeiras, jogos, campeonatos cada vez mais entram no rol de atividades propostas mesmo aos alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio.
              Para Paulo Gileno Cysneiros, a visão crítica do uso desses recursos na educação é positiva. "Por não terem, de certo modo, uma história, as novas tecnologias provocam de forma geral um efeito emocional receptivo. Em outras vezes, elas provocam medo. Por isso mesmo e preciso olhar com  cuidado. O professor deve sempre experimentar e adaptar a máquina à sua realidade."


Revista  Educação


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